Sempre que uma qualquer Câmara abre concurso para admissão
de pessoal é inevitável que surjam, ou se insinuem, suspeições. Algumas vezes
com razão, outras vezes sem, mas a ideia que está criada é que os concursos não
são “limpos”. É vulgar falar-se de “jobs for the boys”, é comum dizer-se que os
lugares estão (pré)destinados.
Defendi e defendo que os critérios devem ser objetivos, ao
invés de se atribuir um peso importante na ponderação dos concursos aos
chamados critérios subjetivos.
Um critério objetivo é impossível de “aldrabar”. Um
doutorado está à frente de um mestrado, um mestrado está à frente de um
licenciado, um licenciado está à frente do ensino secundário, e por aí em
diante. Não há como haver engano. Em caso de grau igual, a nota de final de
curso é, também ela, fator objetivo e de desempate. A experiência profissional
(anos de trabalho, funções desempenhadas) é também um critério objetivo.
O exame escrito devia ser também um critério objetivo, mas,
do meu ponto de vista, não é. Seria subjetivo se fosse tal e qual como os
exames nacionais, se os testes viessem selados e não fossem do conhecimento de
ninguém. Da maneira como as coisas são feitas, é possível que alguém mal-intencionado
possa dar conhecimento prévio da prova ao candidato “favorito”. Atenção que
disse “pode”! Não disse que acontece, apenas que pode acontecer.
Como principal critério subjetivo temos a entrevista. O
candidato apresenta-se perante o júri, para uma entrevista que será
classificada consoante os critérios de quem faz a entrevista. É precisamente
aqui que, muitas das vezes, entra o favor, o compadrio, o famoso “fator C”.
Imaginem que se quer o candidato A, mas que o candidato B
tem melhores qualificações académicas, melhor curriculum, melhores condições.
Que fazer? É simples. Ao candidato A, o júri atribuirá a nota mínima e ao
candidato B a nota máxima e no fim, ponderados todos os factores, o candidato B
passa à frente do candidato A. Missão cumprida!
Há também algo que perverte, e de que maneira, um concurso de
admissão de pessoal. O processo normal seria a Câmara fazer um levantamento das
reais necessidades do município e depois abrir concursos para essas áreas, mas
o normal é, infelizmente e muitas vezes, a exceção. O que se faz então? Se
queremos colocar o candidato A vamos saber que habilitações tem e depois
fazemos crer que a Câmara está necessitada de alguém com essas mesmas
habilitações. Chama-se a isto, na gíria, fato à medida. É por isso que vemos
Câmaras, de repente, a necessitarem de um Engenheiro Aerospacial, de um
astrónomo ou de um licenciado em genética, por exemplo. Na verdade, não fazem
falta nenhuma, mas acontece que é essa a formação que possui a pessoa que
queremos colocar no lugar.
Escrevo isto antes de saírem os resultados dos concursos da
Câmara de Elvas. Espero sinceramente que seja um processo limpo e transparente.
Não acredito quando me dizem que há lugares cativos para, por exemplo, filhos
de vereadores atuais ou antigos do PS. Não acredito quando me dizem que o lugar
A está prometido à pessoa B. Não acredito, não quero e nem posso acreditar numa
coisa dessas, seria mau demais para ser verdade.
Tão pouco acredito que aqueles que fizeram campanha pela força
vencedora tenham prioridade, ou que os elementos, por exemplo, da Juventude
Socialista valham mais que os outros apenas e só pelo simples facto de serem
militantes. Não acredito mesmo!
Também não acredito em Bruxas…pero que las hay…las hay.
Aguardemos serenamente pelo desenrolar dos concursos e
depois retomaremos o tema.
Todos aqueles que se sentirem prejudicados num qualquer
concurso podem contar com a minha colaboração na reclamação. A haver “marosca”
ela deverá ser do conhecimento de todos e, com a reclamação, terão direito às
notas dos outros concorrentes.